Considerada uma epidemia pelo Ministério da Saúde desde 2016, a sífilis vem avançando no Brasil. Como parte do esforço para conter o aparecimento de mais casos da doença, o Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde (OMS) realizam em outubro a Semana Nacional de Enfrentamento à Sífilis e à Sífilis Congênita.
Para isso, membros de entidades de saúde, sociedades científicas e universidades de todo o país se reuniram em Brasília para discutir prevenção, tratamento e dados atuais sobre a doença, considerada silenciosa e de caráter sistêmico. A dra. Lícia Maria Oliveira Moreira, membro do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), representou a entidade no debate realizado em 20 de outubro.
“Os números mostraram discreta queda de 2018 a 2020, no entanto, ainda são elevados. As mortes provocadas pela doença também cresceram de forma contundente na última década. Por isso, esse tema deve ser tratado com prioridade, na agenda da saúde, pois é de interesse coletivo”, frisa a dra. Lícia. A médica integrou a mesa “Ciência e políticas de saúde de controle da transmissão vertical da sífilis na perspectiva das Sociedades científicas e universidades”.
Em sua participação, a pediatra destacou a atuação da SBP na capacitação, produção de conhecimento e abordagem do tema em documentos produzidos pelos Departamentos Científicos, em congressos e em publicações voltadas para o pediatra, como o recém-lançado “Tratado de Pediatria” e no livro “Infecções congênitas e perinatais”, publicado em 2020 pela SBP em parceria com a Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape).
ESTATÍSTICAS – Também comentou aspectos epidemiológicos da sífilis em gestantes e recém-nascidos. Em sua apresentação, mostrou que de acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, foram contabilizados 61.441 casos de gestantes com sífilis e 22.065 casos de sífilis congênita no Brasil em 2020.
“Temos de 770 mil a 1,5 milhões de novos casos anualmente, sendo a doença a maior causa de morbidade e mortalidade de recém-nascidos e lactentes em países pobres, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de 2010”, afirmou. Ela citou o exemplo da Bahia, onde 79% dos casos de sífilis congênita foram em mães que tinham feito o pré-natal e reforçou a necessidade qualidade na realização da consulta pediátrica pré-natal.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2020 foram registrados 115.371 casos de sífilis adquirida, 61.441 de sífilis em gestantes e 22.065 de sífilis congênita com 186 óbitos. Além disso, no mesmo ano, 38,8% das notificações de sífilis adquirida ocorreram em indivíduos entre 20 e 29 anos e 56,4% das gestantes também tinham essa idade.
“É uma situação bastante complexa. Por isso, com ações preventivas, a SBP pretende trabalhar em parceria com sistema tripartite desde atenção básica, que engloba a consulta adequada no pré-natal, a atenção ambulatorial especializada, com o acompanhamento de crianças com risco de complicações e gestantes de alto risco e a atenção hospitalar, para promover a capacitação de equipes e, consequentemente, proporcionar melhor atendimento hospitalar ao recém-nascido”, considerou.
Segundo disse, a implementação de políticas públicas de saúde com apelos educativos fortes envolvendo a participação da família também são estratégias para a contenção da sífilis congênita na gestante.
CAMPANHA 2021 – Lançada em 14 de outubro, a Campanha Nacional de Combate à Sífilis visa alertar a população sobre a importância da prevenção e do tratamento precoce, sobretudo para gestantes e parceiros, homens e mulheres entre 20 e 35 anos.
Para conter a disseminação da doença, será realizada uma série de atividades para conscientização objetivando a prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s). O Ministério da Saúde lança ainda a segunda edição do Guia para Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e/ou Sífilis, para deixar o atendimento Sistema Único de Saúde (SUS) mais atualizado e enriquecido.
Mais informações podem ser obtidas no site do Ministério da Saúde.
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