SBP e SBIm se posicionam a favor da manutenção do intervalo das vacinas Pfizer e AZ/Oxford em 12 semanas

 A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) acabam de publicar a nota técnica conjunta “Intervalo entre as doses das vacinas covid-19 AstraZeneca/Oxford e Pfizer”. As entidades se posicionam a favor da manutenção do intervalo dessas vacinas em 12 semanas, e consideram que esta é a conduta adequada para reduzir a carga de morbimortalidade da covid-19. O posicionamento leva em consideração o atual momento epidemiológico do País e a quantidade de doses atualmente disponíveis.

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A SBP e a SBIm frisam a importância e necessidade da administração da segunda dose. Porém, entendem que, a exemplo do que fizeram Escócia, Inglaterra, Canadá e diversos outros países, é preciso primeiramente vacinar toda a população de adultos com pelo menos uma dose para, então, pensar sobre a redução do intervalo, dentro de um cenário epidemiológico de menor transmissão comunitária.

As entidades destacam que “para muitas vacinas, de maneira geral, intervalos maiores entre doses oferecem respostas imunes mais robustas após a segunda dose, o que, em princípio, pode se traduzir, inclusive, em respostas protetoras mais duradouras”. Sobre as vacinas Pfizer e AZ/Oxford, especificamente, foram publicados alguns estudos feitos por países que optaram por estender o intervalo entre as doses, e os dados indicam efetividade após a primeira dose e antes do recebimento da segunda dose com resultados consistentes e sólidos.

No Canadá, mesmo com a circulação das quatro variantes de preocupação, a efetividade contra hospitalização ou morte para a variante Delta, após uma dose das vacinas AZ, Pfizer ou Moderna, foi respectivamente de 88%, 68% e 96%. Para as variantes Beta e Gama, analisadas em conjunto, a efetividade para hospitalização ou morte foi de 83%, 68% e 89%, para as vacinas AZ, Pfizer e Moderna, respectivamente. Segundo a nota, esses resultados corroboram evidências anteriores que demonstraram, a despeito das variantes impactarem na capacidade de neutralização do vírus em estudos in vitro, que a proteção da resposta induzida pelas vacinas se mantém elevada para os desfechos graves de doença, como hospitalização e morte.

A SBP e a SBIm esclarecem que, caso não houvesse estoque limitado de doses, a estratégia de postergar a segunda dose das vacinas poderia ser reavaliada. No entanto, este não é o caso do Brasil e, do ponto de vista programático e de saúde pública, a decisão da extensão do intervalo entre as doses, em cenários de escassez de vacinas, tem como motivador a antecipação da proteção de maior parcela da população e consequente redução das mortes, hospitalizações e morbidade associadas à covid-19.

As entidades reafirmam que esta estratégia é chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que, em posicionamento oficial publicado no mês passado, enfatiza que a estratégia de extensão de prazo de doses de vacinas deve ser utilizada em países que ainda não atingiram altas taxas de cobertura vacinal nos grupos prioritários e que estão experimentando uma alta incidência de casos de covid-19, combinados com restrições de fornecimento de vacinas. A OMS recomenda, ainda, que esses países se concentrem em alcançar uma alta cobertura com a primeira dose nos grupos prioritários, estendendo o intervalo entre as doses até 12 semanas.