SBP participa do lançamento do plano nacional de combate à poliomielite

O Ministério da Saúde lançou recentemente o Plano Nacional de Resposta a Evento de Detecção de Poliovírus e Surto de Poliomielite, na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), em Brasília. A ação tem como objetivo estabelecer resposta coordenada no âmbito das três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) diante de um evento de detecção de poliovírus selvagem ou derivado vacinal. Representando a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), esteve presente a dra. Melissa Palmieri, membro do Departamento Científico de Imunizações.

“As crianças estão sob maior risco de serem afetadas pela paralisia infantil, e esse plano nacional deflagra diversas ações para evitar a entrada desses vírus no país, bem como foca na reversão da queda da cobertura vacinal”, explica dra. Melissa. A reunião celebrou o Dia Mundial de Luta pela Erradicação da Poliomielite, comemorado em 24 de outubro, e também os 32 anos do Brasil livre da circulação dos poliovírus.

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De acordo com o Ministério da Saúde, o Plano visa a apresentar as diretrizes e os cronogramas indicando os fluxos para a notificação, investigação, avaliação de risco, resposta e avaliação de resposta, diante da confirmação da detecção de um poliovírus selvagem ou PVDV dos tipos 1, 2 e 3, assim como do vírus sabin tipo 2. Também faz parte das ações do projeto mapear instituições, parceiros e elementos prioritários para a resposta nacional coordenada e oportuna. 

A pediatra lembra que o Brasil está livre da poliomielite há 32 anos, mas a forte queda da cobertura vacinal desde 2015 preocupa. “No ano passado, o índice ficou em apenas 67%, quando a recomendação é de 95%. Embora o Brasil não tenha registrado casos de poliomielite desde 1989, registros recentes em outras nações que também eliminaram a doença, aliados à queda nas coberturas vacinais no Brasil, fazem do retorno da pólio uma possibilidade cada vez mais próxima”, disse.

Segundo os registros oficiais, de 2015 para cá a cobertura vacinal tem deixado a desejar, o que acendeu o alerta sobre a possibilidade de retorno da doença no País. Naquele ano, 98% do público-alvo recebeu as doses. Em 2016, essa taxa caiu para 84%, patamar que se manteve até 2019. Até o início de novembro, a cobertura estava em 61%. Considerando esse cenário, a especialista da SBP salientou a importância da presença da entidade nessa reunião, por se tratar de uma sociedade científica que zela pela saúde das crianças e dos adolescentes.

“Nossa presença reafirma o compromisso institucional de apoio a todas as atividades e ações que estejam em consonância com os objetivos deste plano. Estamos atuando de forma intensiva, seja junto aos associados, através da divulgação de informações técnicas, emissão de notas de alertas e capacitações; ou junto à população, com a realização de ações de impacto; e publicação de esclarecimentos e informações em mídias sociais, entrevistas em rede nacional de televisão e jornais de alta circulação. Para que assim seja revertido o cenário atual”, ressaltou a dra Melissa.

PAPEL DA SBP – A SBP se engaja em diversas iniciativas e uma das mais recentes é a campanha “V de Verdade, V de Vacina”, em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). As entidades lançaram esse projeto no começo deste ano, com o lema “Vacina começa com V de Verdade, de Vitória, de Vida”. A ação tem como objetivo colaborar com a recuperação das baixas coberturas vacinais do País, a partir da conscientização da população em geral, dos profissionais de saúde e dos gestores públicos.   

Em outubro deste ano, a SBP e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) encaminharam uma carta ao ministro da Saúde, dr. Marcelo Queiroga, solicitando ampla e prolongada campanha de cunho educativo. O intuito foi alertar a sociedade para a importância da imunização contra a poliomielite. Também neste ano, a entidade apoiou a campanha “Paralisia infantil: a ameaça está de volta”.

Além disso, a SBP vem, ano a ano, publicando documentos relacionados ao tema da vacinação, elaborados principalmente pelos Departamentos Científicos de Imunizações e Infectologia, com o intuito de alertar e informar os pediatras e a sociedade em geral. Em março deste ano, por exemplo, foi emitida a nota de alerta “Risco de poliomielite e sarampo, em um cenário de baixas coberturas vacinais no País”.