SBP promove fórum de debates sobre prevenção ao uso de drogas lícitas e ilícitas, em parceria com diversas entidades

Na última quarta-feira (23), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) promoveu o “Fórum de debates sobre prevenção de drogas ilícitas e lícitas”. O evento contou com transmissão online nos canais do Facebook e do YouTube da SBP; e para os associados no site www.sbp.com.br/lives. O objetivo foi suscitar um debate amplo sobre o tema, reunindo médicos e juristas que colaboraram com suas visões a respeito deste problema de saúde pública.

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O fórum foi coordenado e moderado pelo representante da SBP nas Ações de Combate ao Álcool, Tabaco e outras drogas, dr. João Paulo Lotufo, e foi realizado em parceria com o Instituto dos Juristas Cristãos do Brasil (IJCB); Associação Médica Brasileira (AMB); Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP); Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD); Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP); Freemind; e International Society of Substance Use Professionals (ISSUP).

A abertura do evento contou com a presença da presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, que parabenizou a todos pela promoção do evento e enfatizou a importância do debate. “Este é um tema de extrema relevância para a sociedade brasileira, sobretudo para as crianças, adolescentes e adultos jovens, que frequentemente estão expostos às drogas lícitas e ilícitas por diversos fatores ambientais, sociais e epidemiológicos. Nós, profissionais de saúde, e juristas precisamos estar muito afeitos a essas questões, porque temos um papel fundamental de informar adequadamente sobre medidas de prevenção e de tratamento, além de orientar as famílias”, destacou dra. Luciana.

O presidente do IJCB, dr. Gilberto Ribeiro dos Santos, também colaborou com sua fala no começo do encontro e frisou a importância do enfrentamento às drogas e ao cárcere. “Essas são duas patologias que caminham juntas. Já que grande parte dos que estão encarcerados somente estão porque praticaram crimes tomados, sobretudo, por drogas ilícitas, mas também pelas lícitas, que provocam os mesmos problemas em termos de violência e de desagregação familiar. Por isso, abraçamos a causa desse evento, porque entendemos que debater sobre esse tema é de grande importância para todos”, afirmou.  

O fórum contou com duas mesas de discussão. Na primeira, “O que funcionou até hoje na prevenção de drogas? O que falta?”, foram debatidos os seguintes temas: “Controle do tabagismo no Brasil”, com o dr. Ricardo Henrique Sampaio Meirelles (AMB); “Situação atual do uso do álcool e os trabalhos de prevenção”, com a dra. Zilda Sanches (EPM-Unifesp); e “Por que a legislação de regulação do álcool não caminha se a do tabaco caminhou?”, com a dra. Cristina Corso Ruaro (MPPR e IJCB).

DOENÇA CRÔNICA – Dr. Ricardo Henrique Sampaio Meirelles, pneumologista e membro titular da Comissão de Combate ao Tabagismo da AMB, apresentou alguns pontos preocupantes, como: o tabagismo é uma doença crônica e pediátrica, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já que 90% das pessoas começam a fumar antes dos 19 anos. Além disso, ela é considerada uma pandemia, sendo a maior causa isolada evitável de mortes precoces em todo o mundo. Apenas no Brasil são estimadas cerca de 157 mil mortes anuais.

“Diante desse cenário, entendemos que a vacina contra o tabagismo é a educação. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca-MS) é o responsável pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo e tem como objetivo principal reduzir o número de enfermidades e mortes causadas pelo tabagismo, reduzindo a prevalência de fumantes. Essa atuação baseia-se em três objetivos estratégicos: prevenção da iniciação; promoção da cessação; e proteção ao tabagismo passivo. Através de ações educativas, de atenção e de mobilização, e também legislativas e econômicas”, detalhou o dr. Ricardo.

CRIME – Já na segunda mesa, “Liberar, legalizar e descriminalizar?”, os temas apresentados foram: “Canabidiol ou maconha medicinal?”, com o dr. Sergio de Paula Ramos (ABEAD); “Legalizar, descriminalizar ou liberar do ponto de vista jurídico” com o dr. Guilherme de Barros Perini (MPSP e IJCB); “Justiça terapêutica: como cuidar do abusador de álcool e outras drogas em conflito com a lei?”, com o dr. Mário Sérgio Sobrinho (MPSP); e “Aconselhamento breve sobre álcool e outras drogas – O que funciona na literatura médica”, com o dr. João Paulo Lotufo (SBP).

Em sua fala, o dr. João Paulo Lotufo destacou 12 passos para os pais e responsáveis prevenirem o uso de drogas na adolescência. “Esse trabalho precisa começar desde pequeno, e é fundamental uma família unida, em suas diferentes configurações, e que haja limites e diálogo, incluindo também os professores e médicos. Existem estudos que mostram a importância das refeições em família; do conhecimento da família sobre o que as crianças fazem em seu tempo livre; e da supervisão dos deveres de casa. Também é essencial demonstrar orgulho dos seus filhos; incentivar atividades artísticas, culturais e esportivas; envolvê-los em suas atividades sociais; praticar a espiritualidade; estimular boas amizades; não fumar e não beber em excesso; e ser um bom exemplo em todos os sentidos’, enumerou o especialista da SBP.