SBP se reúne com outras entidades para debater taxação da indústria do tabaco e Reforma Tributária

Criar uma rede de apoio e mobilizar as sociedades médicas para tratar do imposto seletivo de produtos de tabaco na atual proposta de Reforma Tributária e debater a interferência da indústria tabagista no Congresso Nacional. Estes foram alguns dos objetivos da reunião realizada na semana passada pela Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. Na oportunidade, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) foi representada pelo especialista em álcool e outras drogas da SBP, dr. João Paulo Becker Lotufo. 

“A grande discussão da reunião foi o Projeto de Lei da Reforma Tributária, no qual a indústria do tabaco está batalhando para diminuir impostos do setor. Enquanto nós, da área da saúde, lutamos no sentido contrário. Acredito que a forma mais eficiente e rápida para diminuir o consumo do tabaco, principalmente entre os mais jovens, é aumentando os impostos, já que o cigarro no Brasil é um dos mais baratos do mundo”, analisa dr. Lotufo. 

O especialista da SBP destaca a importância da união entre as sociedades médicas para pressionar o Congresso Nacional, mobilizando audiências públicas para levar pautas sobre prevenção e controle do tabagismo. “Unir forças é essencial para aumentar o advocacy entre os congressistas. Precisamos pressionar, principalmente, a bancada da saúde”. 

Dr. Lotufo demonstra, ainda, preocupação com o atual aumento do número de fumantes ativos no País.  “Como resultado de diversas ações, vimos nos últimos anos uma queda de cerca de 30% para 9,6% de fumantes no Brasil. Porém, no momento esse número está voltando a crescer, especialmente entre os mais jovens; e na pandemia esse cenário está piorando ainda mais, devido à ansiedade. Não podemos retroceder de forma alguma e um meio de lidar com isso é o aconselhamento breve”. 

ACONSELHAMENTO FAMILIAR – “Na SBP produzimos vídeos e diversos outros materiais com foco nas famílias, e os disponibilizamos no site da entidade para que todos tenham acesso. É importante que os pediatras encaminhem esses conteúdos aos pais dos seus pacientes. Precisamos conscientizá-los sobre o consumo de cigarro na adolescência; sobre o tabagismo passivo, que ocasiona em um aumento de crianças com doenças respiratórias; e também sobre a ocorrência de mal súbito entre lactentes, que é aumentado de duas a cinco vezes entre aquelas com mães fumantes”, alerta. 

O médico informa, ainda, que considerando a importância do tema, a ideia é que reuniões como a que ocorreu na última semana sejam mensais. “Ainda não há data para próxima, mas certamente teremos muito a debater. É essencial que as sociedades médicas mantenham esse contato. A SBP já trabalha há anos nesse sentido e vemos avanços, mas precisamos continuar. Os impostos pagos atualmente pela indústria do tabaco não cobrem nem as despesas médicas causadas pelo tabaco. Logo, temos que nos unir contra esse grande problema”, afirma.