O Departamento Científico de Reumatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou nesta terça-feira (26) o documento científico “Síndrome da Fibromialgia Juvenil (SFJ)”, cujo objetivo é atualizar os pediatras sobre a doença descoberta em 1985 e que concentra o grande número de casos na faixa pediátrica.
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A SFJ é uma entidade clínica caracterizada pela presença de dor musculoesquelética difusa crônica, fadiga e sono não restaurador, podendo se associar a outros sintomas que variam de paciente para paciente, como por exemplo, presença de pontos dolorosos, cefaleia, alteração do humor, desânimo, alterações do hábito intestinal, desatenção, depressão e outros tantos.
Segundo o documento, a doença é excepcionalmente evidenciada em crianças menores de 4 anos de idade, sendo predominante em adolescentes, principalmente entre os 11 e 15 anos, quando sua prevalência é estimada entre 1% e 2%. É seis vezes mais comum no sexo feminino que no masculino e estima-se que cerca de 7% de todos os casos referenciados aos centros de reumatologia pediátrica são devidos a esta condição.
“Parentes de primeiro grau de pacientes com fibromialgia (FM) são 8,5 vezes mais suscetíveis de apresentarem FM do que parentes de pacientes com artrite reumatoide, o que pode denotar uma base genética para esta condição, embora não comprovada. Não há predileção de raça, etnia ou classe sócio-econômica-cultural”, diz trecho do documento.
CAUSAS E MANIFESTAÇÕES – Desde sua descrição, inúmeras tentativas foram postuladas para explicar esta síndrome. Hoje, o que se apresenta de maior entendimento é que vários fatores possam contribuir para o seu aparecimento e perpetuação, cuja ênfase é dada a um distúrbio da regulação da dor em nível central, onde o sistema nervoso central (SNC) encontra-se alterado na sensibilização (sensibilização central) e processamento da dor por vários mecanismos.
Todas as investigações sobre as causas da FM e da SFJ, em sua imensa maioria, apresentam uma abordagem quase que constante do ponto de vista orgânico. As abordagens na esfera psíquica desta síndrome encontram-se praticamente restritas a um dos tratamentos propostos, referido como terapia cognitiva comportamental.
“A SFJ manifesta-se por dor crônica e difusa com a presença de pontos dolorosos, associados a outros sintomas como fadiga, sono não reparador, cefaleia, humor depressivo e/ou ansiedade”, destaca o documento da SBP.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO – O diagnóstico da SFJ é clínico e existem critérios diagnósticos para a FM do adulto e para SFJ, sendo que para as crianças e adolescentes estes são considerados controversos.
Diagnósticos diferenciais que se impõem na SFJ são as outras doenças reumatológicas pediátricas (AIJ, LES, polimiosite, febre reumática), cujas histórias, achados de exame físico e laboratoriais são muito diversos, em contraposição aos da SFJ.
Estudo de corte avaliou que o tempo decorrido entre o início dos sintomas e a procura por um reumatologista pediátrico foi, em média, de 18 meses, sendo que neste intervalo, os pacientes receberam diferentes diagnósticos e tratamentos inadequados, causando retardo no diagnóstico, levando estes pacientes a riscos desnecessários, protelando uma adequada abordagem do problema, o que salienta a dificuldade em diagnosticar corretamente a SFJ.
Os tratamentos disponíveis para a SFJ podem ser divididos em farmacológicos e não farmacológicos, sendo os primeiros muito mais utilizados na FM do adulto quando comparada à faixa etária infantojuvenil.
Muito importante salientar que, as terapêuticas não farmacológicas devem ser sempre a primeira opção de tratamento para a SFJ. Há muita controvérsia sobre quais seriam as melhores práticas para tratar a SFJ, sendo que as evidências clínicas incluem terapias com diversos tipos de exercícios físicos, que vão desde exercícios aeróbicos progressivos, exercícios resistidos, hidroterapia (natação, hidroginástica) e práticas esportivas diversas.
Já o tratamento farmacológico, em estudo recente encontrou-se que, para 51% dos pacientes com FMJ foram prescritos algum fármaco, como tentativa de tratamento numa consulta médica inicial, de forma isolada ou em associação com outro tipo de terapêutica. Dentre estes, os anti-inflamatórios não hormonais foram os mais frequentemente prescritos, seguidos dos antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação da serotonina, dos análogos do ácido gama-aminobutírico, dos inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina, sendo os opioides os fármacos menos prescritos.
“Boa parte destes medicamentos psicoativos prescritos para uso crônico na FM do adulto, além de não estarem indicados em faixas etárias pediátricas, parecem não possuir eficácia comprovada na SFJ”, destaca o documento.
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