Tuberculose e outros temas marcam atividades pré-congresso do 16º Pneumoped, em Maceió (AL)


O primeiro dia de atividades do 16º Congresso Brasileiro de Pneumologia Pediátrica (Pneumoped), em Maceió (AL), foi marcado por nove cursos pré-congresso. Os temas englobaram a função pulmonar básica e avançada; ventilação mecânica; pneumonias; asma; fibrose cística; distúrbios respiratórios do sono; ventilação não invasiva; radiologia do tórax e tuberculose.

Um dos destaques foi a aula sobre o Manual de Recomendações para Controle da Tuberculose no Brasil, revisado em 2018 e publicado neste ano pelo Ministério da Saúde. O documento traz atualizações importantes sobre a prevenção da doença. Entre as mudanças no Manual estão a possibilidade de tratamento com os medicamentos isoniazida e rifampicina, este último utilizado somente agora para a prevenção da doença no Brasil. Outras pequenas mudanças foram em relação às dosagens desses medicamentos.

Já em relação ao diagnóstico da doença na criança, foi modificada a interpretação da prova tuberculínica, do PPD, que considera <0,5mm como não reator e >0,05mm como reator. Isto implica na identificação de pessoas infectadas pela tuberculose. A revacinação BCG foi outra alteração, cujo protocolo agora recomenda uma dose única da vacina.

“Discutimos e demos ênfase ao chamado controle de contato, ou seja, investigar pessoas que convivem com pacientes com tuberculose. Nesse sentido, deve-se identificar os quem têm o risco de adoecer e se fazer algum tipo de prevenção, ou seja, dar uma medicação para evitar que ele fique doente”, comentou editor científico da revista Residência Pediátrica e palestrante, dr. Clemax Sant’Anna.

SAÚDE PÚBLICA - Mais 70 mil novos casos de tuberculose são diagnosticados anualmente no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, sendo que desse total, cerca de 4.900 (7%) casos acometem as crianças. “A gente imagina que existam falhas no diagnóstico, o que nos leva a crer que o número de crianças com tuberculose seja ainda maior”, observou dr. Clemax.

Em 2017, o País registrou 34,8 casos de tuberculose por 100 mil habitantes. Foram anotados ainda 4.534 óbitos pela doença, resultando em um coeficiente de mortalidade de 2,2 mortes por 100 mil habitantes. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil atingiu os chamados Objetivos do Milênio de combate à tuberculose, que previam reduzir, até 2015, o coeficiente de incidência da doença em 50% quando comparado aos resultados de 1990.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, diariamente, quase 4.500 pessoas morrem em decorrência da doença no planeta. O levantamento aponta ainda que 30 mil pessoas são acometidas pela tuberculose diariamente.

DIAGNÓSTICO - Embora seja uma doença passível de ser prevenida, tratada e curada, o diagnóstico não é tão fácil. Na criança, a doença se manifesta como uma infecção crônica, ou seja, ela começa a ter febre prolongada e outros sintomas como tosse, emagrecimento, irritabilidade, entre outros.

“São sintomas pouco característicos, mas que têm uma duração superior a duas semanas. Recomenda-se que sejam investigados com exames clínicos, radiografias, pesquisar se existe em casa alguém com tuberculose ou com suspeita e que se faça a prova tuberculínica, explicou dr. Clemax. “Se for em adolescente muitas vezes ele tem até condições de fazer exame de escarro, podendo fazer métodos diagnósticos como o recente Teste Rápido Molecular, disponível em várias cidades brasileiras”, completou.