Fórum Regional: Centro-Oeste debate desafios da pediatria na Atenção Primária

Garantir a toda criança e adolescente o direito a um cuidado qualificado e contínuo. Com essa missão em mente, mais de 660 espectadores acompanharam ao vivo os debates do Fórum “Pediatra na Atenção Primária (APS): qualidade desde o primeiro contato!”, organizado pelas filiadas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) no Centro-Oeste da. O encontro, transmitido em formato virtual na última sexta-feira (31), foi o quarto da série de Fóruns Regionais que visam fortalecer a presença da pediatria no primeiro nível de assistência da rede de saúde.

CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR AO FÓRUM

A coordenadora de Integração Regional para o Centro-Oeste da SBP, dra. Renata Seixas, iniciou as discussões reforçando a necessidade de reconhecer o pediatra como pilar da promoção da saúde e da prevenção de doenças desde o nascimento.
Segundo relembrou, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante o direito à proteção à vida e à saúde. Nesse sentido, a valorização do especialista na APS corresponde a um compromisso social com o futuro do Brasil.

A especialista também apresentou um panorama detalhado da Atenção Primária na região, evidenciando a má distribuição e o déficit de pediatras nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), concentrados majoritariamente em hospitais. 

Dra. Renata destacou ainda alguns dos resultados do inquérito regional elaborado pela coordenação da SBP e pelos presidentes das filiadas da Região Centro-Oeste, que foi aplicado a 363 pediatras. “A maioria relatou falta de valorização e reconhecimento profissional. Quase 60% afirmam que a APS sem pediatra é ineficaz, comprometendo a qualidade e a segurança do cuidado. Os resultados da pesquisa reforçam a urgência de políticas públicas que valorizem e reintegrem esse especialista às UBS, assegurando o cuidado integral da infância e da adolescência”, disse ela.

Na sequência, o presidente da Sociedade de Pediatria do Mato Grosso do Sul (SPMS), dr. Ivan Akucevikius, apresentou a experiência de Bonito (MS), que se tornou um modelo de implantação bem-sucedida da pediatria na Atenção Primária. Antes do projeto, iniciado em 2021, o atendimento era realizado exclusivamente por médicos generalistas, sem acompanhamento sistemático de puericultura, sem vigilância do crescimento e desenvolvimento e com pouca integração com programas de suplementação e vacinação.

“Após quatro anos de implantação, o município atingiu resultados expressivos, como 95% de cobertura em consultas de puericultura, redução significativa das internações evitáveis e diagnóstico precoce de asma, cardiopatias, TEA, TDAH e outras condições”, pontuou.

O diretor da SBP, dr. Sidnei Ferreira, abordou aspectos estratégicos sob o tema “Onde queremos chegar”. Conforme frisou, a SBP atua há décadas na formulação de políticas e diretrizes que garantem o cuidado integral da criança e do adolescente em todos os níveis do Sistema Único de Saúde (SUS), com base em evidências científicas e na defesa do ato médico pediátrico. De acordo com esse panorama, o pediatra deve ser um dos profissionais estruturantes das equipes de APS, garantindo a prevenção e o olhar clínico especializado.

Após as explanações, aconteceu ainda um longo debate intitulado “O Papel do Pediatra no Século XXI”, que contou com a participação de 14 instituições, entre elas: Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), Sindicatos Médicos, Secretarias de Saúde, Ministério Público, Associação Médica de Brasília e União de Mães Especiais (UME).

A conversa foi moderada pelos respectivos presidentes das filiadas da Região Centro-Oeste: dra. Luciana Monte, da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF); dra. Paula Bumlai, da Sociedade Mato-Grossense de Pediatria (SMP); dra. Valéria Granieri de Oliveira Araújo, da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP); e dr. Ivan Akucevikius, da SPMS.

VOZ DAS FAMÍLIAS – O encerramento do Fórum foi marcado pelo depoimento comovente da fundadora da União de Mães Especiais (UME), Danilis Costa. Após perder sua filha por uma doença crônica, ela transformou sua dor em ação coletiva, e fundou a entidade para apoiar outras mães. Em sua fala, Danilis destacou que a presença do pediatra na APS faz imensa diferença na vida das famílias, garantindo diagnóstico precoce, tratamento oportuno e cuidado humanizado. “O pediatra é mais que um profissional. É quem acolhe, orienta e caminha junto com a família”, concluiu.