A prevalência do consumo de álcool na adolescência, sua importância na saúde desse grupo, bem como recomendações para pediatras e responsáveis na prevenção do uso nesta etapa da vida foram tópicos tratados no documento “Bebidas alcoólicas e os prejuízos à saúde da criança e do adolescente”, elaborado pelo Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), sob a coordenação da dra. Alda Azevedo. O objetivo é alertar profissionais que lidam crianças e adolescentes para fatores de risco e repercussões no desenvolvimento e comportamento.

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 “É urgente debater sobre o tema, visando aperfeiçoar as políticas públicas existentes, desde a regulação da oferta até a venda. Estratégias de promoção da saúde e prevenção ao uso precoce devem ser articuladas entre gestores do poder público e privado, com os educadores, a família e a sociedade em geral”.

De acordo com o texto, estudos com adolescentes escolares mostram que o início no uso do álcool ocorre dentro de casa, com familiares (39,2%), sendo a faixa etária mais comum entre 12 e 13 anos. Trabalhos também apontam o hábito de beber principalmente com amigos. 

Além disso, uma revisão sistemática realizada no Brasil, que incluiu 28 estudos populacionais com adolescentes entre 10 e 19 anos, encontrou prevalências do consumo entre 23% e 68%, variação segundo distintas definições de uso. Esses dados são preocupantes, já que “o consumo antes dos 16 anos aumenta significativamente o risco de beber em excesso na idade adulta, em ambos os sexos”.

Outro aspecto realçado no texto é a veiculação de anúncios de bebida alcoólica na mídia (seja por meio de filmes, músicas, internet) como fator de iniciação precoce e disseminação do álcool, em busca de alegria, felicidade e sucesso. O seu consumo também “está vinculado a pessoas bonitas ou influentes, diversão, beleza e sucesso, erotização, a esportes e cultura, questões de gênero e comportamento machista”.